No Divã dos Personagens – Walter White
Oi gente!
Hoje vamos entender um pouquinho da mente do professor de química mais amado (ou não) do Mundo!
Walter White.
Como sempre é bom avisar, CONTÉM SPOILERS.
Antes de tudo, vamos entender o que significa a expressão Breaking Bad?
Lá vai:
“Breaking bad” é uma expressão utilizada no sudoeste dos Estados Unidos e denota uma mudança de atitude em alguém que leva a vida dentro da lei e passa a agir violando a lei ou desafiando as autoridades, isto é, alguém que era bom, mas “vira mau” (breaks bad). Algo que pode ser apenas por um dia, ou pela vida inteira. Quebrar na direção do mal.
Sabe o nosso “chutar o balde”? É mais ou menos isso!
Walter é um professor de química de Ensino Médio (e todos sabemos como professores podem ser mal pagos, maltratados por alunos, né?) que se descobre com câncer.
Sem dinheiro para o tratamento, com a família para cuidar, começa a tentar encontrar outras formas de ganhar um extra. E seu intuito nem é o tratamento, mas sim, guardar dinheiro para que sua família não fique na miséria quando ele se for. – Pelo menos, de início.
Então, vamos entender o que pode ter passado na cabeça do “querido” professor?
Walter precisava de um estímulo para mudar, ele era “apático’, sem vida, sem animo, não só por conta do câncer recém-descoberto, mas sim, pelo que aconteceu com ele no passado, quando logo após se formar, criou uma empresa com ex-colegas de turma. Walter não acreditava no sucesso da empresa, e a vendeu para seus colegas. A empresa cresceu, seus ex-sócios, agora empresários e muito bem-sucedidos estavam super bem, enquanto ele sofria como professor e com um emprego em um lava-jato para sustentar a família. Isso causou revolta, inveja, arrependimento e mágoa, que foram sendo guardadas no subconsciente do nosso personagem.
O Subconsciente é a compreensão de todos os conteúdos conscientes na larga trajetória do espírito durante o processo da sua evolução biológica e o seu evolver anímico; captação que registra e arquiva minuciosamente todos os pormenores de fatos ocorridos, deixando como síntese um pensamento orientado, um ensino proveitoso para o ser. É o progresso, a evolução. É o conhecimento que se acrescenta para aproveitamento ulterior.
Ou seja, de maneira mais simples, imaginem o nosso cérebro como um computador, onde temos milhares de pastas cada uma com um propósito. O subconsciente é a pasta onde guardamos as coisas que acreditamos não ser importantes, ou então, que queremos esquecer, mas às vezes vem uma pequena lembrança, uma olhadinha.
Quando Walter se vê em uma situação que precisa do dinheiro, para deixar um legado para a família, ele reencontra seu ex-aluno, Jesse Pinkman. Um jovem traficante, que acaba virando seu “ajudante” para cozinhar e vender meta.
Jesse tem um papel importante na vida do Walter, é como se ele fosse uma sombra, um lado escuro e escondido de Walter. Jesse é tudo o que o Walter repudia em si mesmo: inconsequente, carente, imaturo e emotivo. É seu amigo, seu companheiro, mas também quem mais “leva” do Walter.
O câncer é como um divisor de águas na vida do Walter. Ele percebe que ou ele “vira homem”, para de viver como “mosca morta”, como alguém que diz “amém” a tudo o que falam com/sobre ele, ou esse câncer o mata e ele não mudou em nada a sua vida. Aquele Walter apático não era ele. Pelo menos, não era mais quem ele queria ser.
E aí que entra a personalidade que vem lá do subconsciente, é quando entra o Heisenberg.
Ele é o outro lado de Walter.
Imaginem alguém que usa uma máscara para falar com as pessoas. Ele utiliza duas! Ele é Walter e ele é Heisenberg.
Heisenberg é a máscara do crime, do mal, quem ele utiliza para falar com as pessoas do ramo.
Ele (Heisenberg) é mal. É cruel, frio, calculista, egoísta, nem um pouco ético. Mas é dessa máscara que ele precisa, senão, como sobreviver em meio aos mais cruéis traficantes e assassinos?
Porém, é essa máscara que dá a Walter a vida que ele queria. A liberdade, o ar. E, nesse momento, há uma fusão das duas personagens/personalidades: Walter e Heisenberg.
Um não vive sem o outro, um não existe sem o outro, e isso não é mais possível ver separado. Eles quase se tornam um só.
E quando isso acontece, Walter deixa de existir. Aquele homem pacato e pacífico se torna Heisenberg de corpo e alma, sem se importar com as consequências (que eu não vou falar aqui, porque aí é muito spoiler pra quem não conhece nada da série rs).
Ele fez tudo o que fez porque ele quis. Porque fez bem. Porque ele se sentiu vivo novamente depois de virar o maior produtor e traficante de metanfetamina. E ele não quis mais voltar a ser Walter. Não queria mais voltar a ser aquele homem pacato, simples, doente. Ele estava forte e vivo, como nunca.
Complicado, né?
Sei que vocês devem estar se perguntando: Isso é possível ou é mais uma história de ficção?
E eu respondo; sim, isso é possível.
Todos nós somos suscetíveis a isso. Todos nós temos subconscientes. Todos nós em algum momento nos perguntamos se é essa mesma a vida que queremos levar.
Em algum momento, todo Mundo passa por uma situação do tipo. Não estou falando que todos possuímos uma personalidade malvada, cruel e blábláblá, tá? rs
Só que todos podemos passar por uma mudança drástica, todos podemos, em algum momento, usar uma máscara, e isso não é ruim. Apenas é ruim quando essa máscara começa a tomar lugar de quem você, em essência, é. Mas também, pode ser que na verdade sua essência seja essa máscara.
Ai, como somos complicados!rs
Espero que tenham gostado!
É um assunto/tema complicado, mas posso voltar aqui e falar mais sobre!
Então, se tiverem alguma dúvida, sugestão, crítica ou elogio, me falem! 🙂
Comentem aqui, no post do face, chama inbox hahaha
Eu juro que respondo vocês!
Beijinhos :*
Parabéns Jéssica!
Este foi, na minha opinião, o melhor no Divã até agora. (Não desmerecendo os anteriores)
W.W. é sim um personagem muito complexo de se avaliar. Um sujeito normal onde uma série de escolhas (não diria erradas) infelizes culminaram por moldar toda a personalidade alternativa, ou não, que vimos como Heisenberg.
Parabéns novamente! Texto ótimo!