No Divã dos Personagens – Os Fantasmas de Scrooge
Oi gente! Tudo bem com vocês?
Como combinado lááá no post passado, esse mês teremos personagens de Natal!
Hoje, nosso personagem é Ebenezer Scrooge, ou apenas Scrooge, pra facilitar, da animação Os Fantasmas de Scrooge (porém, estou me baseando também no conto que deu origem ao filme).
Vale sempre ressaltar que contém spoilers, hein?
Vamos lá?
Sinopse:
Ebenezer Scrooge começa as férias de Natal como de costume, mesquinho e de mau-humor, berrando com seu fiel assistente e com seu alegre sobrinho. Mas quando os fantasmas dos Natais Passado, Presente e Futuro o levam em uma surpreendente jornada que revela as verdades que o velho Scrooge reluta em enfrentar, ele deve abrir seu coração para desfazer anos de maldades antes que seja tarde demais.
Scrooge era um homem solitário, avarento (ou, pão duro hihi) que não suportava qualquer tipo de desperdício, e ele considerava o Natal isso, um desperdício!
Quando é visitado pelos espíritos dos Natais, passado, onde vê sua amada, que ele perdeu pelo dinheiro, presente, onde vê as pessoas o desejando o mal, e futuro, quando nota que ninguém se importa com a sua morte, e ao contrário, ficam profundamente felizes por não terem que conviver com alguém tão mal humorado, avarento e cruel, decide que precisa mudar.
Mas o que Scrooge pode nos ensinar? Todos nós não somos um pouco Scrooges, afinal?
Scrooge seria a nossa consciência se desenvolvendo unilateralmente. Ou seja, quando a consciência e as funções do Ego se identificam com certo grupo de valores negligenciando os demais aspectos da totalidade da experiência psíquica. Segundo Jung, “alguém que acredita ser apenas aquilo que gostaria de saber a respeito de si mesmo”.
Essa unilateralidade pode ser entendida também como um desequilíbrio que gera no inconsciente uma tentativa de reequilibrar o sistema, que se dá por meio de símbolos.
Mas antes de continuar, vamos lembrar o que é Ego e o que é Inconsciente?
Ego:
O ego corresponde ao principio da realidade. É o centro da consciência, e em relação ao self (si mesmo), apresenta limitações por lidar com recursos disponíveis apenas na consciência, visto que esta não é capaz de contemplar todo o conteúdo presente no inconsciente. “Portanto, em minha concepção, o ego é uma espécie de complexo, o mais próximo e valorizado que conhecemos. É sempre o centro de nossas atenções e de nossos desejos, sendo o cerne indispensável da consciência.” (JUNG, 1999, § 7).
Inconsciente:
Segundo Freud (<3), é o inconsciente que determina o nosso comportamento. E ele se manifesta no nosso dia a dia de várias maneiras, os lapsos de memória, os sonhos, as intuições e os esquecimentos são tudo obra do nosso inconsciente!
Voltando para a história, o que seriam os símbolos de Scrooge?
O símbolos são obrinhas do nosso inconsciente, que possuem um significado desconhecido, mas que surgem de maneira a tentar direcionar ou mudar a atituda de consciência.
Segundo Jung, “chamamos de símbolo um conceito, uma figura ou um nome que nos podem ser conhecidos em si, mas cujo conteúdo, emprego ou serventia são específicos ou estranhos, indicando um sentido oculto, obscuro e desconhecido.”
E quais são os símbolos de Scrooge? Bom, não precisa de muito para saber: são os fantasmas dos Natais passado, presente e futuro.
A experiência de Scrooge com os fantasmas o fez perceber quem ele realmente era, apesar de ter muito dinheiro, ele era uma pessoa pobre de espírito, sem família, sem amigos, solitário e miserável.
Tudo que Scrooge viu e passou com a visita dos fantasmas, o levaram a considerar a sua vida e o seu presente/futuro. Nenhum dos fantasmas o mandou fazer nada, apenas mostraram como estava a sua vida, o que o fez ter a oportunidade de fazer novas escolhas.
Scrooge não tinha muitas alternativas, seria continuar vivendo como vivia, tendo no futuro a alegria dos outros pela sua morte, ou aceitar que a sua maneira de viver o estava destruindo a cada dia, e buscar uma melhora.
Jung já dizia que “Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos”.
“Quero viver no passado, no presente e no futuro, repetiu Scrooge, saltando do leito. A lembrança dos três espíritos virá em meu auxílio para tanto.”
E é assim que Scrooge decide viver a sua vida de forma integra, com seu passo, presente e futuro, mas com bom humor, sem avareza, sem tratar mal os outros.
Acaba aceitando que o Natal não é um desperdício, mas uma celebração com a família e os amigos.
Lá no começo do texto, disse que nós somos um pouco Scrooges, e, faltando 10 dias para o Natal, quero que vocês utilizem esse texto para entrar em contato com a sua consciência, ver as possibilidades, se abrir a novas situações.
Deixem o Scrooge mal humorado de lado, e deixem que os espíritos dos Natais também invadam a sua vida, para que possa compreender o verdadeiro sentido de estar com a família e com os amigos.
Espero que tenham gostado e qualquer dúvida, crítica, elogio, sugestão, pode comentar aqui em baixo ou mandar email ali pelo contato.
Beijinhos e até semana que vem!
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Fontes utilizadas:
Psicologia Analitica
Psicologiajunguiana.com.br