No Divã dos Personagens – Ciúmes – Ross (Friends)
Oi gente, tudo bem com vocês?
Estava assistindo FRIENDS essa semana, e me deparei com o episódio em que o Ross começa a sentir um ciúme descontrolado da Rachel, e pensei: “Ross, tá na hora de você ir para o divã”.
Ciúme é algo tão normal e tão enraizado no nosso dia a dia, nos nossos relacionamentos, que nem percebemos, muitas vezes, o quanto ele desgasta os outros e a nós mesmos.
Aqui é spoiler (mas gente, FRIENDS acabou faz 10 anos, convenhamos… rs), mas só pra quem não conhece ou não lembra, relembrar o episodio:
“Ross esta cada vez mais enciumado ao ver Rachel e Mark se dando tão bem, que começa a mandar muitos presentes e declarações para Rachel no trabalho, o que deixado ela um pouco “enjoada” de tanto amor. Ross então acaba passando dos limites, indo até o escritório onde ela trabalha, e ao ouvir Mark fazendo declarações de amor, Ross enfurecido entra brigando achando que Mark esta cantando sua namorada, mas ao entrar percebe que Mark esta com outra garota, e Rachel é quem fica enfurecida com o ciume doentio de Ross. Ross pede desculpas, e eles ficam numa boa, mas ai é Rachel quem começa a ficar enciumada quando Ross diz que vai levar Ben para brincar com o filho de um stripper que Chandler contratou para seu primo.” (do blog: http://resumoepisodiosfriends.blogspot.com.br/) Esse é o episódio 12, da terceira temporada.
Mas a psicologia pode explicar um pouco sobre o ciúme?
Claro!!
Eifersucht é a palavra alemã para ciúme, cujo significado indica uma relação como o fogo, como o queimar.
Todos nós sentimos ciúmes. Ele nos acompanha por toda a vida. Desde o ciúmes que sentimos dos nossos pais quando aparece outra pessoa (seja um irmão, um priminho, e até mesmo adultos que façam com que você não seja mais o foco de atenção momentâneo), dos irmãos, dos amigos, dos nossos ídolos, de algo que gostamos muitos, dos brinquedos. Ele tem uma grande variável de níveis, desde o comum, até os sintomas doentios (patológicos), que é o delírio de ciúmes.
“Comportamentos tais como examinar bolsos, carteiras, recibos, contas, roupas íntimas e lençóis, ouvir telefonemas, abrir correspondências, seguir o cônjuge ou mesmo contratar detetives particulares para fazer isso costumam não aliviar e ainda agravar sentimentos de remorso e inferioridade das pessoas que padecem de ciúme excessivo. Um exemplo disso é caso que Wright (1994) descreveu de uma paciente que chegava a marcar o pênis do marido com caneta para conferir a presença desse sinal no final do dia (ALMEIDA, 2013, p.2).”
O delírio de ciúmes ocorre quando a pessoa começa a se perceber traída pelo companheiro (a), que tem centenas de amantes. E fica muito difícil de distinguir o que é real e o que é imaginado, tamanha a certeza que a pessoa tem. O delírio, geralmente, ocorre em pessoas que tem um ciúme excessivo, sua desconfiança e falta de controle é tão grande, que começa a delirar situações inexistentes.
“Se analisarmos mais detalhadamente o ciúme, podemos perceber, logo de início, que não se trata de um sentimento voltado para o outro, mas sim voltado para si mesmo, para quem o sente, pois é, na verdade, o medo que alguém sente de perder o outro ou sua exclusividade sobre ele. É um sentimento egocentrado, que pode muito bem ser associado à terrível sensação de ser excluído de uma relação (SANTOS, 2002, p.76)”
Essa citação é um tanto quanto radical, mas não deixa de ser verdadeira.
O ciúme é uma conjunção de vários sentimentos: amor, paixão, medo da perda, do abandono, insegurança, raiva, entre muitos outros. É um grande medo do outro achar em outro alguém algo que o supra mais do que você esteja conseguindo. É, de certa forma, uma forma de se mostrar inferior (isso inconscientemente, claro), onde se SENTE incapaz de possuir o amor do companheiro/companheira.
No caso do Ross, que é o nosso paciente de hoje, ele possuía um profundo medo de perder Rachel, que acredito que seja por conta da sua paixão por ela ser desde a adolescência, e só tantos anos depois ele ter conseguido conquista-la, além do fato dele ter sido casado por alguns anos, e sua mulher o ter trocado por outra. Isso gerou um certo tipo de trauma, que ele mesmo relata em um dos episódios, esse medo, essa sensação de que não é bom o bastante para a Rachel, pois não foi bom o bastante para sua ex mulher.
Quando você ouve que o ciúmes é um medo de perder, não deixa de ser verdadeiro, porém, deve ter muito cuidado, para que esse ‘medo de perder’ não acabe se tornando algo sufocante para o outro e para si mesmo.
Portanto, locomoleitores, ter ciúmes, é sim, algo normal e natural do ser humano. Porém, é preciso cuidado e atenção, quando notar que o ciúme está ultrapassando os limites do que é socialmente aceitável, é a hora de repensar, e buscar auxílio de alguém especializado. 🙂
Espero que tenham gostado, e beijinhos :**