No Divã dos Personagen – Scar!
“Vida longa ao rei…”.
Oi gente! Tudo bem com vocês?
Hoje, o assunto é um tantinho delicado.
Baseando-me na teoria de Melanie Klein (e aproveitando pra estudar pra prova da semana rs) vou falar um pouquinho sobre a inveja/pulsão de morte – repito, me baseando em sua teoria.
Scar!
Me digam, quem nunca assistiu O rei leão?
Se alguém não assistiu, sugiro que assista, e depois venha ler esse post, porque já aviso: CONTÉM MUITOS SPOILERS.
Então, vamos lá? O resuminho do filme pra vocês:
“Mufasa (voz de James Earl Jones), o Rei Leão, e a rainha Sarabi (voz de Madge Sinclair) apresentam ao reino o herdeiro do trono, Simba (voz de Matthew Broderick). O recém-nascido recebe a bênção do sábio babuíno Rafiki (voz de Robert Guillaume), mas ao crescer é envolvido nas artimanhas de seu tio Scar (voz de Jeremy Irons), o invejoso e maquiavélico irmão de Mufasa, que planeja livrar-se do sobrinho e herdar o trono.”(adorocinema)
Antes de tudo, não se assustem, ok? O tema é um tanto quanto delicado, mas vocês vão entender direitinho.
A começar desse dialogo, para exemplificar a situação:
“Scar – Ora, então é meu grande irmão descendo das alturas para se misturar com o povo…
Mufasa – Sarabi e eu não vimos você na apresentação de Simba…
Scar – Isso foi hoje? Oh, eu me sinto horrível! Devo ter perdido a memória…
Zazu- Ora essa, desmemoriado como é, como o irmão do rei deveria ser o primeiro da fila.
Scar – Eu era o primeiro da fila até nascer a bolinha peluda.
Mufasa – A bolinha peluda é meu filho e seu futuro rei.
Scar – Ah…… eu tenho que treinar reverência?
Mufasa- Não dê as costas pra mim Scar…
Scar – Ah não Mufasa, mas é melhor você não dar as costas pra mim.”
Nesse diálogo, que é nos primeiros minutos do filme, já podemos notar o sentimento de inveja do Scar, não é mesmo?
Desdenha de seu Rei, de seu sobrinho, por simplesmente deixar de ter o “lugar na fila” para se tornar Rei também.
Seu desejo é ocupar o lugar de Mufasa.
Agora, vamos entender:
A inveja é a manifestação de um impulso de destruição. É sempre, e na sua maior profundidade, inveja das fontes de vida e, em última análise, inveja da vida (CINTRA e FIGUEIREDO, 2010, p. 125).
A inveja pensa sempre na destruição do objeto invejado, na tentativa de ser tão bom quanto o objeto e quando percebe que não o consegue, tenta destruir.
Agora, você com certeza deve estar pensando uma das duas coisas:
“Eu não sinto inveja” ou “Eu não quero destruir ninguém”
Quando falamos “Ai, que invejinha” e coisas do tipo, geralmente, não significam a inveja propriamente dita, mas sim, uma admiração, ou até mesmo felicidade pelo que o outro conseguiu. O termo “inveja branca” também está errado, viu? Inveja não tem cor: nem branca, nem preta, nem azul, amarela, nem o arco Iris inteiro.
Para Melanie, o que acontece é que a pessoa realmente invejosa (REALMENTE) não pode aproveitar o que vem de outra pessoa nem sentir gratidão. No caso de Scar, ele não sente o mínimo de gratidão por Mufasa, e quer destruí-lo (e não só ele, como seu pequeno filhote, Simba)
Ele, além disso, tenta desvalorizar ambos, tratando com desdém a autoridade de Rei que Mufasa tem. Quando ele diminui o valor dos dois, eles não o fariam sentir inveja, pelo menos, é o que a teoria nos diz.
Porém, lembrando que é no caso da animação, ele não consegue diminuir seus valores, e tenta a todo custo destruí-los, com a ajuda das hienas, que vejam só, também são invejosas, pois desejam ter os mesmos “poderes” dos leões.
Pois então, ele consegue. Ao menos, acredita conseguir. Matando Mufasa e acreditando que Simba está morto. Ele passa a ser rei, porém, não consegue administrar de forma correta, levando a Pedra do reino há uma (quase) destruição.
Quando Simba finalmente retorna, para sua surpresa, tenta colocar a culpa da morte de Mufasa no pequeno rei, mas enfim, depois de uma luta, confessa.Para se livrar da culpa e da morte, diz que as ideias foram das hienas e que elas eram as inimigas realmente. Elas ouvem e, quando finalmente se encontram, elas, digamos, cobram dele essa fala.
É assim que, para Melanie Klein, a inveja funciona. É a maneira de você destruir o outro, ou ter o desejo de destruir o que você admira tanto que quer para você.
Espero que tenham entendido e gostado do texto de hoje. Qualquer dúvida, falem aqui, ok?
Criticas, elogios e sugestões são sempre bem vindas!
Beijinhos :**
Fantástico! Confesso que não leio todos os seus textos Jessye, até porque não conheço todos os personagens. Mas os últimos vêm me agradando bastante, pois são personagens que conheço e que posso assimilar com as ideias. 🙂