Expresso do Oriente – Fullmetal Alchemist
“Nada pode ser obtido sem uma espécie de sacrifício. Para se obter algo é preciso oferecer algo em troca de valor equivalente. Esse é o princípio básico da alquimia, a Lei da Troca Equivalente. Naquela época, nós acreditávamos que essa fosse a lei absoluta.” – Alphonse Elric
Fala galera! Este que vos fala é o Héric, maquinista do Expresso do Oriente, viajando a todo vapor para trazer pra vcs um vagão cheio de informação, cultura e entretenimento! E hoje vou começar uma série de artigos que analisa e explica as origens do enredo de cada anime. E vou começar com dos melhores animes que já assisti na vida: Fullmetal Alchemist!
O anime conta a história dos irmãos Edward e Alphonse Elric, que seguindo os passos do pai, tornam-se dois jovens estudantes da arte da alquimia. Depois que a mãe deles adoece e morre, eles decidem quebrar o maior tabu da alquimia: a transmutação humana, para trazerem sua amada mãe de volta à vida. 3 anos de estudos e preparo para realizar o feito, e eis que chega o grande dia.
35 litros de água, 20 quilos de carbono, 4 litros de amônia, um quilo e meio de cálcio, 800 gramas de nitratos, 250 gramas de sais, 100 gramas de nitrogênio, 85 gramas de enxofre, 7.5 gramas de flúor, 5 gramas de metais, 3 gramas de silício e mais 15 gramas de porções materiais são os ingredientes que compõem o corpo humano. Tudo organizado no centro do círculo de transmutação. E o ingrediente final, a informação da alma: uma gota de sangue de cada um dos irmãos. O ritual se inicia. Tudo parecia estar indo bem, até que, de repente, algo terrível acontece. Edward perde sua perna direita no processo, e Al acaba perdendo seu corpo todo. Com muito esforço e sacrificando seu braço esquerdo, Edward consegue prender a alma de seu irmão em uma armadura antiga. O preço pago pelo erro dos dois foi alto demais. Algum tempo depois, Ed tem seus membros perdidos substituídos por próteses mecânicas(chamadas de auto-mail) enquanto Al permanece como uma armadura viva. Eles decidem deixar seu lar para partir em busca da Pedra Filosofal, que seria capaz de transmutar seus corpos de volta ao normal.
E assim se inicia a jornada de nossos heróis. FMA possui um enredo cheio de conflitos pessoais, questinamentos éticos, muitas risadas(é muito engraçada a cara que o Edward faz quando chamam ele de baixinho :p) e muitas cenas tristes e chocantes também. E como toda boa história de ficção, possui seus exageros. Mas, se tratando da ciência de transmutar chumbo em ouro, o que é verdade e o que é inventado nesse anime? Vamos descobrir agora!
A Alquimia era a química da idade média. Reunia os conceitos da química(manipulação de elementos), da antropologia(estudo da anatomia humana), da magia (ocultismo, círculos de transmutação), da filosofia(estudo das leis naturais, como a troca equivalente), da metalurgia e da matemática. Os antigos alquimistas acreditavam ser possível realizar feitos como transformar chumbo e em ouro. O objetivo do estudo da alquimia era a transmutação de metais, como já citei(isso tanto para fins científicos e filosóficos quanto para o enriquecimento da realeza); a obtenção do Elixir da Longa Vida(ou Panacéia, o remédio que cura todos os males); a criação de seres humanos artificiais(transmutação humana), conhecidos como homunculi; e a obtenção da Pedra Filosofal. Mas havia um significado muito maior por trás disso. Além do estudo da alteração da matéria física, a alquimia também buscava a transição espiritual.
ATENÇÃO! ALERTA DE SPOILER! Se você não assistiu o anime ou ainda está assistindo e não terminou, pare de ler agora! Ou leia por sua conta e risco…
Na alquimia existia uma regra: nada surgia do nada. Para obter o resultado desejado, era necessário dar algo de igual valor. Esta regra era conhecida como Lei da Troca Equivalente, ou lei da conservação de massa. Esta lei afirma que a matéria não pode ser criada ou destruída no processo, mas sim reagrupada e reorganizada em diferentes tipos de partículas. Na vida real é possível transmutar metais, alterando sua estrutura atômica. No anime o alquimista consegue manipular a matéria(convertendo materiais e/ou alterando sua forma) através de um círculo de transmutação, que nada mais é que um símbolo oriundo do ocultismo, utilizado nesse contexto para ilustrar a transformação instantânea. O personagem Edward Elric consegue realizar as transmutações sem precisar desenhar um círculo de transmutação, pois quando ele realizou a transmutação humana, ele se viu diante do Portão da Verdade, e conseguiu ver a verdade absoluta por uma fração desegundo… e por isso pagou um alto preço.
“Olá! Oh, faça apenas as perguntas certas. Eu sou o ser que você chama de o “mundo”, ou então, o universo, ou Deus, ou a verdade. Ou tudo, ou aquele, e eu sou “você”! Bem-vindo, pobre idiota e ignorante dos seus próprios limites.”
E falando no portão da verdade.. eu ia deixar esse assunto pro final por ser muito complexo, mas já que toquei no assunto, vamos a ele! O portão representa o intangível, o inalcançável, o incompreensível. A alma. Quando um alquimista quebra o tabu da transmutação humana, ele é transportado para diante do portão e confrontado por um ser que é conhecido como Verdade antes de ser tragado pelo portão. Atrás dessa porta encontra-se o conhecimento absoluto sobre o universo e a alquimia. Porém, o acesso a tais conhecimentos pode custar até a vida do alquimista. Existe uma curiosidade sobre as gravuras que aparecem no portão. Para Edward Elric, o mural é um relevo da Árvore da Vida Sefiróticao século 17 de Robert Fludd, aluno de Paracelso (Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim), enquanto o mural em Portão Alphonse Elric é um relevo de uma ilustração do texto “A Medula da Alquimia” do alquimista George Ripley, do século 15. Para Roy Mustang, o mural retrata uma versão estilizada da matriz Alquimia das Chamas projetada por Berthold Hawkeye, e para o Pai, o Portão parece ser completamente em branco, talvez por causa de seu status desumano. Não se sabe qual a imagem que apareceu no portão de Izumi Curtis.
O homunculus(palavra em latim que significa homenzinho) surgiu do conceito da criação de um ser humano criado artificialmente. Não passou de um mito nos registros antigos da alquimia medieval. Porém, em Fullmetal Alchemist, um homunculus era criado toda vez que alguém realizava uma transmutação humana mal-sucedida. Os Homunculus que aparecem possuem os nomes dos 7 pecados capitais: Gula(Gluttony), Ganância(Greed), Luxúria(Lust), Ira(Wrath), Inveja(Envy), Preguiça(Sloth), e Soberba(Pride), cada um com a forma humana da pessoa que foi transmutada. Sloth possuía a forma da mãe de Ed e Al, sendo o confronto com este homúnculo uma das cenas mais emocionantes do anime.
O Elixir da longa vida ou Elixir da imortalidade era uma utopia buscada pelos alquimistas. Tratava-se de uma Panacéia universal, capaz de curar todos os males e doenças, estendendo indefinidamente a vida de quem o ingerisse. O Elixir é um símbolo da preocupação que os alquimistas tinham com a saúde e a medicina. Ele não é citado no anime, mas é produto da Pedra Filosofal.
E por fim, a Pedra Filosofal, objetivo final de nossos heróis! Dizia-se que a Pedra Filosofal(em latim, Lapis Philosophorum) tinha o poder de ampliar as habilidades do alquimista e transcender a lei da troca equivalente. Transformar metais em ouro, manipular matéria orgânica sem perder suas propriedades(como vimos no triste episódio da Quimera falante). Sua existência nunca foi comprovada na vida real, apesar de existirem inúmeras lendas em torno dela.A mais famosa é sobre o alquimista real Nicolas Flamel, que teria adquirido conhecimento para produzir uma pedra filosofal. Nicolas tornou-se rico da noite para o dia, e fez várias obras de caridade. Quando ele faleceu, sua casa foi saqueada por pessoas q queriam a tal pedra. A lenda conta que, na realidade, ambos, Flamel e sua esposa, não faleceram, e que em suas tumbas foram encontradas apenas suas roupas no lugar de seus corpos. Em FMA, o ingrediente da Pedra Filosofal nada mais é que o sacrifício de vidas humanas. A sua concepção se dá durante o conflito de Ishbal, quando um gigantesco círculo de transmutação é traçado ao redor da cidade, e utilizando as vítimas da guerra como ingredientes, é transmutada no corpo metálico de Alphonse.
E é isso pessoal, espero que tenham apreciado a leitura! Eu gostaria de escrever muito mais sobre esse incrível anime, mas se eu fizesse isso estaria escrevendo um livro, e não um artigo, kkkkk…
Um grande abraço, e até a próxima estação! Sayonara!
Expresso do Oriente – Fullmetal Alchemist sucks