“Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então. ”

Oi gente! Hoje vou escrever sobre a Alice (sim, aquela mesma, no País das Maravilhas).

Alice no país das Maravilhas tem 3 versões bem conhecidas: o livro de Lewis Carrol, a animação da Disney de 1951 e a versão mais recente que teve como diretor o Tim Burton. E é nessa ultima que vou focar.

Ah! Vale sempre avisar: O texto contém SPOILERS. 😉

Então, vamos lá?
Vou confessar que nunca entendi muito bem a paixão das pessoas por Alice no País das Maravilhas. Acho que o fato de não ter princesas em perigo e príncipes disfarçados me desencantava rs. Mas, a partir do momento que assisti a versão do Tim Burton e, um pouco mais velha, fui entendendo do que se trata a história (psicologicamente/socialmente falando).

Alice é uma menina de 13 anos (sim, 13 anos) que se vê confrontando ela mesma, ao ter que decidir o seu futuro. Ela, que tem interesse por coisas novas e invenções, será pedida em casamento, mas não quer se casar e, ao mesmo tempo, tem medo de ficar como sua tia “louca”.

Ela começa a ver um coelho branco, e ao segui-lo, cai em um buraco que leva ao país das maravilhas. Há muitos comentários e discussões sobre drogas relacionadas a esse filme, mas não é nisso que quero entrar. Alice se vê novamente confrontada, ao ser questionada se ela seria a Alice.

E aí é onde começamos a ver um perfil psicológico do filme sendo montado. Alice começa a se questionar, afinal, quem ela é e enfim, começa a achar que ou aquilo tudo é um sonho, ou ela está louca.

E aí, vem a dúvida: O que, afinal, é loucura?

Se formos buscar no dicionário:

s.f. Qualidade ou caráter do que é louco.
Doença mental; doidice; demência, insanidade.
Ato próprio de louco.
Ato de extravagância, de imprudência: fazer uma loucura, loucuras da mocidade.

Como sinônimos de loucura, encontramos: Alienação, alucinação, delírio, demência, desatino, desvairo,doidice. 

Sobre alucinação, vocês já leram AQUI.

Alice, se estiver mesmo em efeito de loucura (confesso que esse filme realmente me deixa confusa, e não sei até que ponto o que acontece com ela é real ou não) podemos considerar como um estado de delírio.

Então, vamos entender o que, afinal, é delírio?

O delírio ou as ideias delirantes são juízos patologicamente falsos, ou seja, é um erro do juízo que tem origem no transtorno mental.

Não é a questão de o conteúdo ser falso que caracteriza o delírio, mas sim a justificativa para a crença e o tipo de evidência que assegura que as coisas são assim.

Para ser caracterizado como delírio, é preciso que essas 4 características estejam presentes: certeza praticamente absoluta, ele não se modifica, conteúdo impossível (coelhos falando, rainha de copas e os baralhos, etc) e é associal (ao entrar em delírio a pessoa se “solta” do seu universo cultural e social.

Por essas características, podemos analisar que Alice estava em estado de delírio.

Uma característica muito interessante, é que existe o denominado Delírio compartilhado (folle à deux) e isso ocorre através do contato entre um sujeito realmente psicótico ou com transtorno delirante que, ao interagir intimamente com uma pessoa influenciável ou com personalidade dependente, acaba por gerar delírio nesta ou em mais pessoas sugestionáveis.

Lembram da tia da Alice, que diz que se casará com um príncipe? Aquela “tia louca”? É outro ponto que pode ser considerado, afinal, pode ser que Alice tenha sido influenciada por essa tia e assim tido o delírio.

Porém, o tipo de alteração que, a meu ver, tem mais sentido no caso da Alice é a Percepção delirante, que ocorre quando o delírio surge através de uma percepção normal, que imediatamente recebe um significado delirante. Ora, lembrem-se que todas as pessoas que estão no País das Maravilhas, têm seus “personagens” reais, como as gêmeas (que no país das maravilhas são os baixinhos gordinhos).

Essa percepção é vivenciada como uma revelação, uma descoberta abrupta que o leva a entender tudo o que se passa, como se tudo passasse a fazer sentido. A situação ou objeto real apenas desencadeou o delírio.

Confesso que escrever sobre a Alice foi um tanto quanto difícil, afinal, não consigo decidir se o que ela viveu foi real ou não.rs
Mas, como explicado, se tudo aquilo era apenas fantasia, pode ser apenas um caso de delírio.

Bom, gente, é isso. Espero que tenham gostado.
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Tudo isso engrandece e dá sentido ao nosso trabalho!

Beijinhos :*