Você se acha bom no Xadrez? – O Turco

         Olá, pequenos seres dependentes de água e oxigênio, sentem-se sedentos por abranger o repertório de conhecimento abstrato hoje? Espero que sim, pois venho lhes trazer uma figura histórica deveras curiosa, embasada na mais mística e, diria até, inexplicável ilusão… Bom, também podemos chamar de ciência, mas, de fato, continua sem explicação palpável desde 1769…

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Em meados de 3000 AC, na cidade de Mera, em Sakarah (perto de Gizé – Egito), as pessoas já jogavam o tão glorificado jogo, ao menos um bastante semelhante. Porém, foi na Pérsia que o Xadrez pode nascer oficialmente, em pleno século V onde hoje se encontra o Irã e só depois, no século VII, que o jogo foi popularizado para o restante do mundo com auxílio do império islâmico…

Certo. Mas nossa história nos leva até o ano de 1769, final do século XVIII, na Áustria, onde um engenheiro húngaro chamado Wolfgang Von Kempelen, amante do jogo e um gênio da tecnologia (entenda tecnologia perante o contexto da época, certo?! ) tinha intenção de impressionar a rainha Maria Teresa da Áustria — era o típico inventor maluco — e há 200 anos nascia O Turco.
Uma espécie de busto ou manequim feito de madeira, trajando roupas que eles acreditavam ser comuns para um turco vestir na época. Este era acoplado a um gabinete-balcão onde ficava um tabuleiro de xadrez. Dentro do gabinete, apenas engrenagens e correias que assemelhavam-se a algum tipo de relógio estranho.

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Sua primeira aparição oficial foi em 1770, na corte austríaca. Kempelen afirmou que sua máquina era capaz de jogar xadrez com qualquer um e ainda ganhar. Todos na corte ficaram estupefatos e ansiosos para a demonstração: Kempelen abriu o gabinete por todos os lados possíveis para mostrar que não havia nem um tipo de anão ou algo do tipo escondido em seu dispositivo, realmente, apenas engrenagens e correias. Logo após isso, pediu por um voluntário, chamou pela pessoa que se intitulasse o mais intelectual presente no salão e um nobre ensandecido pela curiosidade se apresentou, o Conde Ludwig Von Cobenzl.
Kempelen girou uma alavanca algumas vezes e a “mágica” estava feita – O Turco ganhara vida – provia de um braço móvel e uma mão capaz de agarrar com firmeza qualquer peça e transportá-la para qualquer parte do tabuleiro com uma precisão e facilidade quase que humana, se já não bastasse, tinha cabeça e olhos móveis que pareciam observar o tabuleiro e as jogadas. O Conde Cobenzl foi vencido facilmente.

Ainda haviam peculiaridades da invenção, se a dama adversária fosse ameaçada pelo Turco, ele balançaria a cabeça duas vezes e se o Rei fosse colocado em xeque, ele balançaria a cabeça três vezes e, se alguma jogada ilegal fosse realizada por seu adversário, ele, balançando a cabeça, pegaria a peça de seu oponente e a voltaria para seu lugar anterior e em seguida faria um movimento seu, como uma penalidade.

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O Turco sempre jogava com as peças brancas e com uma agressividade de campeão. Vários especuladores vasculharam-no a procura de imãs ou algo que pudesse explicar com lógica o seu funcionamento, mas nada nunca fora encontrado. Além do mais, antes de cada jogo, a máquina era revelada internamente e de todas as formas ao jogador e a plateia presente.

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Kempelen não impressionou somente a rainha, mas várias partes do mundo, O Turco era uma grande atração da época e viajou por toda a Europa enfrentando centenas de oponentes, dentre os famosos Benjamim Franklin e Napoleão Bonaparte… Pois é. Nesta parte existe um ocorrido que apavorou todos que assistiam: Napoleão, quando desafiou a máquina, foi derrotado e sugeriu uma nova partida, porém desta vez, ao invés de jogar com seriedade, quis constatar algum tipo de coisa… Fez então um movimento legal dentro das regras, mas que favorecia seu adversário, no caso, O Turco. O autônomo, por sua vez, reagiu de maneira inesperada e agressiva, esticando o braço de madeira e lançando-o ao tabuleiro, derrubando todas as peças e finalizando a partida.

Neste mesmo acontecimento, O Turco fora vasculhado de diversas maneiras e o que encontravam era sempre o mesmo: Nada. Isso deixou a todos ainda mais confusos e assustados.

Muitos boatos foram criados sobre a invenção de Kempelen na época, alguns nunca chegaram a ser provados como o fato da máquina poder se comunicar usando um tabuleiro de letras ao invés de um de xadrez, alguns diziam até que O Turco tinha dentro de si um demônio trapaceiro de uma lenda antiga qualquer. Kempelem… Bom, apesar do sucesso estrondoso de sua invenção ele não estava muito confortável em ser constantemente pressionado a apresentá-la e chegou a desmontá-la uma vez ao desejo desses boatos e assédios cessarem, mas não deu muito certo. O próprio rei ordenou que ele o montasse novamente para uma mostra a todo o continente.

A invenção misteriosa não era invicta, chegou a perder algumas vezes. Entretanto esse fato é bastante irrelevante perante toda a fama por trás do Turco.

Embora várias más línguas afirmavam que tudo não passava de uma farsa ou que havia alguma interferência humana, nada nunca foi provado, as evidências sempre expuseram que tal coisa seria impossível. Veja só o esquema representativo da máquina:

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Entretanto, nunca se encontrou uma planta, projeto ou esquema de engenharia oficial do Turco, muito aficionados neste fizeram suas representações e teses sobre seu funcionamento embasados em mil e uma teorias. O mestre Edgar Allan Poe foi um deles.

Depois que Kempelen morreu, sua obra prima trocou de dono diversas vezes até ir parar no Museu Chinês, nos EUA e com o tempo foi esquecido em algum canto empoeirado qualquer… Mas, infelizmente, em 1854, um incêndio no Teatro Nacional da Filadélfia alcançou o museu e, adivinhem, O Turco foi consumido por entre as chamas para o seu nunca mais…

Nunca mais mesmo?

Calma. Ele não era nenhum tipo de demônio imortal que ressurgiu depois em alguma outra coisa. Porém, mais de 160 anos depois, um norte americano chamado John Gaughan conseguiu reproduzir com perfeição a invenção de Kempelen. Diz ter demorado 35 anos para conseguir o resultado final, tornando-o tão preciso quanto o original. Por mais que existam várias cópias pelo mundo todo (inclusive eletrônicas), apenas a de John é a réplica exata com todas as funções e características do original. E o segredo: Ele se recusa a revelar.

No vídeo abaixo você pode conhecer O Turco original e ver o de Gaughan em funcionamento com um profissional… É…. Intrigante.

Bom, meus pequenos seres providos de carbono e amoníaco, é complicado pensar numa máquina com inteligência artificial sendo que, na época, não existia nada parecido com programação e/ou mesmo tecnologia suficiente para realizar algo do tipo…

Melhor ir me despedindo e deixá-los com a dúvida, pois a curiosidade é o que nos faz criar coisas inimagináveis…

Agradecimentos ao Pedro Henrique Meneguello, foi quem me deu a ideia para esse texto ^^

Hasta ^^ Nos “lemos” por aí.

E continue viajando!

 

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