No Divã dos Personagens – Calvin e Haroldo
Oi gente!
Tudo bem com vocês?
Semana passada surgiu um vídeo na minha timeline sobre Calvin e Haroldo e a esquizofrenia.
O vídeo, que muito devem ter visto, é esse aqui:
Muitos também dizem que nada mais era do que a inocência e imaginação da criança, que tinha Haroldo como seu “amigo imaginário”.
Agora, qual o limite entre imaginação e esquizofrenia? É isso que eu vou falar com vocês hoje.
Calvin é um menino de 6 anos cheio de personalidade, e tem uma companhia, o Haroldo um tigre de pelúcia que toma forma humanoide quando conversa com o menino.
Apenas Calvin vê Haroldo como um tigre “humano”, apenas Calvin o escuta… Seria isso, realmente, um principio de esquizofrenia ou apenas a imaginação fértil de uma criança?
Primeiro, vamos falar sobre amigos imaginários.
A maioria das crianças possui um amigo invisível, ou trata como real aquela boneca ou bichinho de pelúcia. Essa “brincadeira de faz de conta” em que a criança é capaz de bolar toda uma história com o personagem irreal é importante para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social na infância.
Muitas vezes a criança recria situações que presenciou em casa, em programas de TV ou na escolinha ou então fantasia todo um universo novo (quem assistiu Toy Story com certeza vai poder entender BEM do que eu to falando ^_^).
Cerca de 65% das crianças no Mundo tem ou tiveram amigos imaginários da fase que vai dos 2 aos 7/8 anos de idade.
Então, amigos imaginários são totalmente normais e devem ser tratados da mesma forma.
Eis que, durante as pesquisas para escrever esse texto, encontrei essa tirinha aqui, que me fez pensar muito (essa tirinha não é oficial e sua autoria é desconhecida. Ela é considerada um apócrifo).
Confesso que essa tirinha mexeu muito comigo de diversas formas, desde a situação que vemos muito hoje em dia, de pais “entupindo” seus filhos de remédio porque “eles são hiperativos” (sendo que grande parte não deveria ter esse diagnóstico, são apenas crianças ATIVAS) até o vídeo que fez esse texto de hoje surgir.
Mas agora, vamos entender o que é, afinal, esquizofrenia?
A esquizofrenia é uma síndrome psicótica que pode contribuir para a alteração da percepção, pensamento, fala e movimento de uma pessoa. A pessoa esquizofrênica perde a capacidade de integrar seus pensamentos com seus sentimentos e emoções, o que pode causar a crença no que é irreal, alucinações (percepções distorcidas do ambiente em que ela está) e tem comportamentos que mostram uma perda do juízo crítico.
A esquizofrenia NÃO TEM CURA, mas tem tratamento, e quanto mais cedo ela for identificada, melhor e mais completo o tratamento, que necessita de remédios e terapia.
Um dado que vai ajudar no entendimento da questão com o Calvin é que a esquizofrenia acomete, geralmente, pessoas a partir dos 15 anos de idade, até os 35.
Há alguns casos em que, desde a infância, os indícios da doença apareçam (como essa menina:
), mas são extremamente raros.
Os sintomas da esquizofrenia, que podem aparecer meses ou até mesmo anos antes da manifestação da doença são:
-Comportamento hiperativo;
-Desatenção e dificuldade de memória e aprendizado;
-Sintomas de ansiedade;
-Desânimo;
-Desinteresse generalizado e
-Humor depressivo
Lembrando que esses são sintomas iniciais, que são sintomas de outras doenças também, como a depressão ou transtornos de ansiedade, portanto, CALMA! Não é porque você tem um desses sintomas acima que você vai ser esquizofrênico, ok?
E os principais sintomas que indicam o quadro de esquizofrenia são:
– Irradiação do pensamento (a pessoa acredita que alguém está roubando/lendo seus pensamentos)
– Percepção delirante;
– Alucinação auditiva, quando a pessoa escuta claramente vozes falando sobre ela;
– Delírios persistentes, que ocorre quando a pessoa acredita, por exemplo, ter a capacidade de controlar o tempo, se comunicar com extraterrestres, etc;
– Alucinações que ocorrem todos os dias durante semanas ou meses;
– Discurso incoerente, irrelevante ou a criação de novas palavras;
(Para o diagnóstico de esquizofrenia, ao menos 3 sintomas devem estar presentes de maneira clara pela maior parte do tempo durante pelo menos 1 mês)
– Catatonia (resenta uma alternância entre períodos de passividade e de negativismo e períodos de súbita excitação)
– Apatia marcante, falta de adequação de respostas emocionais, retraimento social (estes sintomas também são sintomas de depressão) e
– Alteração do interesse, ausência de objetivos.
Agora, Calvin é esquizofrênico ou apenas uma criança cheia de imaginação?
Ele tem percepção delirante, alucinação auditiva (ouve o Hobbes falar com ele), delírio persistente (acredita conversar com o tigre)…
Mas, levando em conta que ele é uma criança de 6 anos, isso não é apenas uma imaginação fértil?
Se formos falar sobre o vídeo, sim, é esquizofrenia.
Se formos considerar as tirinhas (que eu não li todas, né gente) acredito ser apenas a imaginação da criança.
E ah, não tenham preconceito, ok? A pessoa que sofre de esquizofrenia, com o tratamento adequado, pode ter uma vida normal como você 🙂
Espero que vocês tenham entendido os princípios do que é esquizofrenia.
Caso tenha uma opinião diferente do que, afinal, o Calvin tem, fala aqui pra mim. <3
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Beijos gente :**
Jéssica e Gustavo, essa tirinha é falsa sim. Bill Watterson jamais terminaria sua série clássica com uma tirinha como essa, ainda mais que em 1995 não havia essa “cultura de pílulas” como hoje. A última tira foi publicada em 31 de dezembro de 1995, e é profundamente otimista, linda e digna de um fim. Está no livro “Its a magic world”. Caso queira vê-la, há esse link, em inglês: http://www.gocomics.com/calvinandhobbes/1995/12/31
Espero ter contribuído! <3
Olá, gostei muito da matéria mas aquele quadrinho que vocês alegam não ser oficial (do trabalho do colégio e das pílulas), acho que é oficial sim. Sou fã do Calvin e Haroldo e quando saiu esse quadrinho (que se não me engano foi o último) eu guardei o jornal e o tenho até hoje. Espero estar ajudando, abraços!
Olá Gustavo!
Obrigada por comentar.
Quando pesquisei, encontrei esse quadrinho como não oficial, em várias fontes.
Vou alterar no post então! 😉
Beijos, e mais uma vez, obrigada!